A
presença de Deus foi sentida de maneira acentuada durante a reunião do
Concílio Anual dos representantes da Igreja Adventista do Sétimo Dia
mundial, entre os dias 8 e 13 de outubro de 2010, na sede da Associação
Geral. Vários delegados falaram sobre o expressivo impacto espiritual
que essas reuniões causaram em sua vida.
O tema do Concílio foi “Reavivamento para a Missão”. O principal item da agenda foi a ênfase no reavivamento, reforma, discipulado e evangelismo. Além
da mensagem devocional de cada manhã, houve vários períodos de
fervorosa oração durante o dia e reuniões de testemunhos preparando o
ambiente para que o Espírito Santo trabalhasse poderosamente. Os
delegados votaram um importante documento intitulado: “O Dom Prometido
por Deus: Um Apelo Urgente ao Reavivamento, Reforma, Discipulado e
Evangelismo.” É evidente que Deus atuou de maneira especial. Mas isso
nos leva a algumas perguntas: Quais são as características de um
verdadeiro reavivamento? Existe o perigo de sermos enganados por falsos
reavivamentos? Qual é o objetivo final do reavivamento? Como o documento
do Concílio Anual sobre o tema pode ser aplicado
às divisões, uniões,
associações, igrejas locais e em nossa própria vida?Características do Verdadeiro Reavivamento
Todo reavivamento verdadeiro é
caracterizado por três elementos: oração sincera, profundo estudo da
Bíblia e compromisso apaixonado por ganhar pessoas perdidas. Essas três
características essenciais do reavivamento verdadeiro foram manifestadas
na vida dos discípulos no livro de Atos dos Apóstolos. Quando Jesus
prometeu o derramamento do Espírito, Ele apresentou algumas condições.
Os discípulos não deviam esperar ociosos, mas unidos em sincera oração e
súplica. E assim eles fizeram. O livro de Atos registra que “todos eles
se reuniam sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de
Jesus, e com os irmãos dEle” (At 1:14).*
No momento exato, quando o Redentor foi
exaltado perante o trono de Deus e a aceitação de Seu sacrifício
reconhecida pelo Pai diante de todo o Universo, o Espírito Santo veio em
Sua plenitude. Como no tempo dos discípulos, somos assim aconselhados:
“Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e
fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua
promessa para conceder-nos Sua bênção. Só podemos esperar um
reavivamento em resposta à oração” (Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas,v. 1, p. 121). Sem a capacitação do Espírito Santo, por
meio da oração, somos impotentes para enfrentar as tentações de Satanás
e incapazes de ser testemunhas eficazes do Mestre.
Os discípulos ficaram imersos na oração e
estudo da Palavra de Deus. O sermão de Pedro no dia do Pentecostes foi
uma apresentação magistral sobre as evidências de Jesus como o Messias,
baseada no Antigo Testamento. As três mil pessoas batizadas naquele dia
“se dedicavam ao ensino e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (At
2:42). Os discípulos “anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (At
4:31) e se dedicavam continuamente “à oração e ao ministério da palavra”
(At 6:4). “Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o
número de discípulos” (verso 7).
A autoridade das verdades das Escrituras é
a base para todo reavivamento e reforma. Todo verdadeiro reavivamento é
ancorado na Palavra de Deus. “Nada há melhor para dar vigor à mente e
fortalecer o intelecto do que o estudo da Palavra de Deus. Nenhum outro
livro é tão poderoso para elevar os pensamentos, para dar vigor às
faculdades, como as amplas e enobrecedoras verdades da Bíblia” (Ellen G.
White, Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 460). Ao
lermos a Bíblia e meditarmos nela, seremos guiados pelo mesmo Espírito
Santo que inspirou seus escritores.
O objetivo de nossa oração e vida
devocional não deve ser alcançar um grau de santidade que nos torne
superiores aos outros. Ao contrário, essa prática nos ajuda a perceber
nossa necessidade de nos humilhar diante do Senhor para receber Sua
justiça, graça, sabedoria e força. Ele nos capacita a revelar o amoroso
caráter de Jesus aos outros e sermos poderosas testemunhas de Sua graça e
verdade. A vida dos discípulos era centralizada na missão. O livro Atos
dos Apóstolos começa com as seguintes palavras: “A igreja é o
instrumento apontado por Deus para a salvação dos seres humanos. Foi
organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo” (p.
9).
Os “discípulos oraram com intenso fervor
para serem habilitados a se aproximar dos homens, e em seu trato
diário, falar palavras que levassem os pecadores a Cristo” (ibid., p.
37). Oração sem o claro objetivo de missão leva à justiça própria e ao
orgulho farisaico. Missão sem oração leva ao testemunho impotente e
ineficaz. Oração e missão sem ter como base a Palavra de Deus e sua
verdade, criam o ambiente para aberrações doutrinárias e heresias.
Oração, missão e estudo da Bíblia são as características de todo
verdadeiro reavivamento.
O chamado ao reavivamento do Concílio
Anual é o chamado do Espírito Santo para uma experiência mais
profunda com Jesus na expectativa do poder da chuva serôdia para
a proclamação final das três mensagens angélicas (Ap 14:6-12). O atual
chamado ao reavivamento não significa que no passado o Espírito Santo não
guiou, instruiu e capacitou Sua igreja. Sem dúvida, Ele agiu e
continuará agindo. O notável índice de crescimento da igreja nos últimos
anos, com mais de um milhão de conversos por ano, e a fidelidade do
povo de Deus são indicadores visíveis das bênçãos de Deus. No entanto,
tudo o que o Espírito Santo fez para e por meio de Seu povo no passado
não é suficiente para hoje.
O Espírito Santo nos chama agora a uma
experiência renovada. Necessitamos da capacitação do Espírito Santo
para realizarmos a missão final neste período crítico da história da
Terra, pouco antes da segunda vinda de Cristo. Por muitos anos, Deus tem
desejado enviar a chuva serôdia sobre Sua igreja remanescente. Isso
depende de nossa submissão e humildade perante o Senhor, pedindo perdão
por nosso orgulho e egoísmo. É-nos dito que “a descida do Espírito
Santo sobre a igreja é olhada como estando no futuro; é, porém, o
privilégio da igreja tê-la agora. Busquem-na, orem por ela, creiam
nela. Precisamos tê-la, e o Céu espera para concedê-la”(Ellen G. White,
Evangelismo, p. 701).
Nosso Senhor apela urgentemente a cada
membro da igreja que desenvolva um relacionamento mais profundo com Ele
pela oração, e pelo estudo da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White.
Ele nos chama a um comprometimento mais profundo com o testemunho e com o
evangelismo. Ele nos convida a buscar a unção do Espírito Santo para
obtermos o poder da chuva serôdia para terminarmos Sua obra na Terra. A
missão de Deus deve ser realizada no poder de Deus (veja Zc 10:1; Rm
9:28; Ap 18:1).
Verdadeiros e Falsos Reavivamentos
O inimigo odeia reavivamento. Ele fará o
que lhe for possível para evitar o reavivamento entre o povo de Deus. O
inimigo sabe que ao ser derramado o Espírito Santo no poder da
chuva serôdia, o trabalho de Deus será concluído na Terra. “Não
há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça
o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor
possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraquecida igreja e uma
congregação impenitente. Se Satanás pudesse fazer o que quisesse, nunca
haveria outro despertamento, grande ou pequeno, até o fim do
tempo” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 124). Os frutos
do verdadeiro reavivamento são revelados no caráter transformado que
apresenta os frutos do Espírito Santo (Gl 5:22-24).
O verdadeiro reavivamento leva homens e
mulheres a revelar na vida, os frutos do Espírito Santo. Não
existe reavivamento sem arrependimento, confissão e obediência à vontade
de Deus revelada em Sua Palavra. O reavivamento superficial, centralizado
principalmente em sinais miraculosos, manifestações físicas e
maravilhas, é enganoso. Deus pode e opera milagres. Haverá grandiosa
manifestação do poder do Espírito Santo nos últimos dias. Aí, porém,
está o ponto: o principal objetivo do reavivamento não são os milagres; é
a revelação do amoroso caráter de Jesus em nossa vida e o desejo de
compartilhar Seu amor e verdade com os outros. Porque Satanás odeia
Jesus, também odeia aqueles que desejam testemunhar e ser semelhantes a
Ele.
Ao longo da história do cristianismo,
desde Atos dos Apóstolos, passando pela Reforma e até o
movimento adventista, o inimigo tem tentado neutralizar a influência dos
movimentos de reavivamento ungidos pelo Céu. “Ele [Satanás] está
trabalhando com todo o seu poder insinuante e enganador, para desviar as
pessoas da mensagem do terceiro anjo, que deve ser proclamada com forte
poder. Se Satanás vê que Deus está abençoando Seu povo e preparando-os
para discernir-lhe os enganos, trabalha com sua magistral capacidade
para introduzir fanatismo de um lado e frio formalismo de outro, para
que ele possa ceifar uma colheita de almas” (Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas, v. 2, p. 19).
Quando acontece o genuíno reavivamento,
as igrejas “petrificadas pelo formalismo” são incendiadas com uma nova
vida em Cristo. A “forma de piedade” que caracteriza a complacência de
Laodiceia em tantas igrejas dá lugar à oração sincera, sério estudo da
Bíblia e entusiasmado testemunho. Nos reavivamentos genuinamente guiados
pelo Espírito Santo, o povo de Deus não é apanhado em euforia emocional
e entusiasmado com sinais e maravilhas. Eles estão apaixonados por
Jesus, comprometidos com a verdade de Sua Palavra e desejosos de
compartilhar Jesus e Suas verdades para o tempo do fim. Em outras
palavras, o verdadeiro reavivamento ordenado pelo Céu é equilibrado
e não de comportamento extremista e fanático ou somente de demonstração
emocional. Está centrado em Jesus e Sua Palavra, e encontra expressão no
testemunho e no serviço.
O Objetivo de Deus para Todo Reavivamento
“Para quê um reavivamento?” A resposta é:
o propósito de todo reavivamento é conhecer melhor a Deus para que
possamos compartilhá-Lo mais com outras pessoas. O objetivo
do reavivamento não é que a igreja tenha uma experiência espiritual mais
efervescente ou eufórica. O reavivamento proporciona a motivação e o
poder para a missão. Quanto mais amamos a Jesus, tanto mais desejamos
compartilhar Seu amor; e quanto mais compartilhamos o amor de Jesus,
mais O amaremos. A missão não é o único objetivo do reavivamento, mas
uma parte dele. Somos levados para mais perto de Cristo quando
compartilhamos Seu amor com outros.
“Deus poderia haver realizado Seu
desígnio de salvar pecadores sem o nosso auxílio; mas a fim de
desenvolvermos caráter semelhante ao de Cristo, é-nos preciso participar
de Sua obra. A fim de participar da alegria dEle – a alegria de ver
pessoas redimidas por Seu sacrifício – devemos tomar parte em Seus
labores para redenção delas” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, p. 142). Quando a igreja falha em priorizar o trazer pessoas
para Cristo, ela morre espiritualmente. “A própria vida da igreja
depende de sua fidelidade em cumprir a comissão do Senhor. Negligenciar
essa obra é certamente convidar a fraqueza e a decadência
espirituais. Onde não há ativo trabalho em benefício de outros, o
amor diminui e definha a fé” (ibid., p. 825).
O reavivamento não induz à “auto-justiça
santificada”. Induz ao evangelismo. É uma paixão para ganhar
pessoas perdidas. Seu objetivo é trazer homens e mulheres redimidos para
o reino de Deus. Seu coração clama pelo relacionamento com Jesus e com
Seu povo redimido pela eternidade sem fim.
O Concílio Anual Apela a Você e à Sua Igreja
Cremos que o sonho de Deus de completar
Sua obra será logo realizado. A chuva serôdia do Espírito Santo será
derramada sem medida. A missão de Cristo na Terra será concluída. Jesus
em breve virá. Deseja você se unir a nós, aceitando pessoalmente esse
chamado para uma experiência espiritual mais profunda, por meio da
oração, estudo da Bíblia e dos escritos do Espírito de Profecia e
suplicando a Deus pela chuva serôdia? Assumirá você um compromisso de
vida de compartilhar Sua verdade, proclamando as três mensagens
angélicas, vivendo uma vida de serviço cristão e sendo testemunha para
Ele? Você irá orar por seus irmãos e irmãs desse poderoso
movimento adventista ao redor do mundo enquanto a igreja
humilha-se diante do Senhor para a última advertência para este
mundo que perece? Oramos para que o Espírito Santo seja
concedido poderosamente ao povo de Deus e para que Jesus volte logo.“Ora
vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).
Ted N. C. Wilson é o presidente
da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo dia, Mark Finley é
assistente do presidente para o evangelismo, Armando Miranda é
vice-presidente geral e Jerry Page é diretor do Departamento
Ministerial. Texto publicado na Revista Adventist World de Janeiro/2011.
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